ETAPA 3

Zubiri a Pamplona

20,6 kms

 

      Nesta fase, o percurso corre ao longo do rio Arda, seguindo-o de perto desde Zubiri até chegar às portas de Pamplona. Depois dos dois percursos exigentes anteriores, este dia é uma pausa bem-vinda e tempo para desfrutar da viagem a Santiago. Pela primeira vez, o Caminho para numa grande cidade: Pamplona. Entre outras coisas, é famosa por ser a capital mundial da festa.

    Depois de atravessar a ponte de La Rabia até à margem esquerda do rio Arga, o peregrino enfrenta uma pequena encosta pela zona urbana. Numa espécie de pequena praça periférica, uma fonte oferece água fresca aos peregrinos. O Caminho desce novamente, desta vez ao longo de um caminho estreito com um piso muito irregular, embora os pendentes não sejam tão íngremes como no dia anterior. Após um troço na estrada (apenas espaço para os carros, pelo que é aconselhável ser cauteloso), podemos ver e ouvir o grande monstro. A empresa Magna tem vindo a explorar o rico depósito de magnesite, na zona há mais de meio século. Alguns residentes queixam-se da poluição, enquanto que para outras famílias ela é a principal fonte de rendimento. Controvérsia à parte, a agressão ao Caminho de Santiago é inquestionável. Para além do ruído, dos cheiros e fedores, a certa altura os peões são mesmo obrigados a usar um capacete de obra.

    Após o caos, a paz regressa. Um estreito caminho de pedra castigado pelo passar dos anos, nas margens do Arga e abrigado por um tufo de faias, leva às pequenas aldeias de Illaratz (fonte) e Eskirotz.

    Pequenos troços de asfalto, terra, pedras de calçada, até cascalho, mas todos nas margens do Arga, levam até às portas de Larrasoaña. O Caminho de Santiago não entra em Larrasoaña (a 16,8 quilómetros de Pamplona), do outro lado do rio. No entanto, vale a pena atravessar a ponte de Los Bandidos (segundo crónicas da época, foco de todo o tipo de malfeitores durante o século XIV) e passear por esta pacata e segura localidade de tradição jacobeia.

    Ao sair de Larrasoaña há uma curta subida por uma piso de cascalho até à aldeia de Akerreta, que tem um hotel encantador. A saída desta pequena aldeia pode ser muito escorregadia na época das chuvas. A partir daqui, o Caminho até Zuriain completa-se através de uma floresta ribeirinha dominada por carvalhos que chegam a beijar o rio. Fora do abrigo da vegetação, um troço desconfortável de estrada (N-135) e regresso ao outro lado do rio antes de chegar a Irotz, uma pequena localidade. Na sua época, Irotz tinha um hospital de peregrinos. Resiste em pé, a pequena igreja de São Pedro.

    Em Irotz voltamos a atravessar até á outra margem do Arga pela ponte de Iturgaiz, de origem românica. A próxima localidade no Caminho dos Peregrinos é Zabaldika, que tem uma área de piquenique sensacional, embora tenha a desvantagem de estar mesmo ao lado da estrada principal. Neste ponto, o peregrino é confrontado com duas variantes. Através do confortável passeio pelo rio, que conduz a Huarte (a 4,8 quilómetros de Pamplona), cidade que já faz parte da periferia de Pamplona ou, seguindo o Caminho de Santiago original, que continua por um caminho que começa na mesma zona de recreio. As duas rotas voltam a fundir-se um par de quilómetros mais à frente. O tradicional Caminho dos Peregrinos de São Tiago entra em Arleta e, depois de subir uma pequena colina, desce até Trinidad de Arre, sem dúvida um dos pontos mais espetaculares da etapa. De Trinidad de Arre a Pamplona passamos pela localidade de Villava (3,8 quilómetros até Pamplona), famosa em todo o mundo por ser o local de nascimento do ciclista Miguel Induráin. Villava, fisicamente absorvida por Pamplona, dispõe de todos os serviços. Tem também um albergue para peregrinos.

     A localidade vizinha de Burlada (a 2,8 quilómetros de Pamplona), a próxima da rota, também não tem falta de nada. A partir daqui pode aceder à capital de Navarra através da ponte de La Magdalena, de origem românica.