odeceixe a aljezur

19,5 kms

 

     A água subterrânea é tão abundante, neste planalto litoral, que acaba por aflorar à superfície em alguns locais de cota mais baixa, dando origem a zonas húmidas, localmente designadas brejos. A vegetação é muito especial, pois nem todas as plantas suportam tanta água no solo de forma permanente. Para alguns animais, os brejos são locais de alimentação, refúgio ou reprodução. A borboleta Euphydrias aurinia, protegida a nível europeu, por exemplo, é uma das espécies que depende destes mosaicos de prados húmidos com silvados ou tojais. Eles são também o habitat ideal do rato-de-cabrera. Os brejos são bons locais de caça para aves e morcegos, uma vez que há abundância de pequenos mamíferos e insectos.

    Nos pequenos bosques entre parcelas agrícolas abundam arbustos aromáticos como o zimbro, a perpétua-das-areias, o rosmaninho e o alecrim. Nestes bosquetes também é fácil encontrar algumas plantas muito raras e exclusivas do sudoeste de Portugal, como Adenocarpus anisochilusEuphorbia transtaganaThymus camphoratus Centaurea vicentina.

     Por aqui, muitas aves coabitam placidamente com as pessoas, nomeadamente perdizes, codornizes, garças-boieiras, rolas-bravas, cegonhas e estorninhos. O rouxinol comum ouve-se cantar em todas as galerias ribeirinhas.

    Quando o dia começa a cair, pode contemplar-se a elegância e agilidade dos morcegos a caçarem insectos sobre as charcas ou em volta da iluminação pública. Todas as espécies de morcegos que vivem em Portugal comem insectos. Cada animal consome numa noite mais de metade do seu peso em insectos voadores ou rastejantes! São milhares de toneladas de insectos consumidos anualmente pelos morcegos! Os morcegos têm assim um papel ecológico muito importante, ajudando a controlar as populações de insectos e prevenir pragas e doenças.